Porquê calibrar ou ensaiar?
Segundo o Vocabulário Internacional de Metrologia calibrar é a “operação que estabelece, sob condições especificadas, num primeiro passo, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes com as incertezas associadas; num segundo passo, utiliza esta informação para estabelecer uma relação visando a obtenção dum resultado de medição a partir duma indicação” , dito de uma forma simplificada, é a comparação entre os valores indicados por um instrumento de medição e os indicados por um padrão (equipamento de classe superior).
As calibrações podem ser calibrações internas, se a empresa recorre aos meios internos de que dispõe ou externas, se recorre a entidades externas para o fazer. Em qualquer dos casos o importante é que o laboratório disponha de condições físicas adequadas, de pessoal qualificado e de materiais de referência ou padrões adequados e calibrados, devidamente inseridos em cadeias hierarquizadas de padrões.
A escolha de um laboratório externo deve recair, sempre que possível, num laboratório acreditado segundo a norma ISO 17025.
De cada calibração efetuada é, geralmente, emitido um certificado, onde se caracterizam os desvios de exatidão e a incerteza do meio de medição em calibração, indicando qual a rastreabilidade das referências metrológicas utilizadas.O certificado deve apresentar os seguintes campos:
1. Os dados do possuidor do instrumento de produção a calibrar/cliente;
2. Os dados do local de ensaio (se realizado fora do laboratório);
3. Os dados do instrumento de medição/equipamento;
4. Os dados da calibração/ensaio;
5. Os resultados.
A calibração dos equipamentos de medição, ao dar às empresas uma caracterização dos desvios de exatidão do instrumento de medição e a respectiva incerteza, vai permitir-lhes determinar com objetividade se podem continuar a utilizar o seu instrumento no controle dos processos produtivos e não produtivos ou se têm que o mandar reparar, ajustar ou substituir.
A calibração constitui assim um elemento imprescindível para assegurar que as medições que a empresa efetua na atividade normal de produção estão dentro dos erros máximos admissíveis, proporcionando uma série de vantagens tais como:
a) Garantir a rastreabilidade das medições;
b) Permitir a confiança nos resultados medidos;
c) Reduzir a variação das especificações técnicas dos produtos;
d) Prevenir defeitos;
e) Compatibilizar as medições.
Contudo, por vezes não é possível proceder a uma calibração porque o que é objeto de comparação, não é um instrumento de medição e, portanto, não nos fornece um valor que possibilite uma comparação com o valor indicado pelo padrão. Mas, como temos necessidade de saber se determinadas características que esse elemento apresenta, metrológicas ou não, verificam ou não as condições de base para a respetiva aceitação teremos de proceder a ensaios. Um exemplo disso é a “planicidade” de uma determinada superfície. Como ela não nos proporciona diretamente um valor de medição, teremos que proceder não a uma calibração, mas sim a um ou mais ensaios até verificarmos se os valores que estamos a obter da planicidade estão de acordo com determinadas normas ou especificações técnicas para, em casos de falhas, as empresas poderem proceder às necessárias correções, até que dos ensaios executados resulte que a planicidade da superfície, em causa, está dentro dos limites de aceitação fixados.
De um modo geral, podemos, pois, dizer que através dos ensaios é possível verificar se certas propriedades físicas ou químicas de objetos, de produtos ou processos de fabricação específicos, respeitam os requisitos estabelecidos em normas, regulamentos ou especificações técnicas.
Podemos igualmente concluir que os ensaios proporcionam às empresas um conjunto de vantagens tais como:
a) Avaliar com rigor a conformidade de produtos e processos;
b) Melhorar a qualidade dos produtos, serviços e processos;
c) Aumentar a confiança dos clientes;
d) Fomentar a qualidade, a inovação e a competitividade.